ILUSTRAÇÃO "MARIA PADILHA" JEFFERSON RIB
Maria Padilha
É uma entidade dos cultos afro-brasileiros. É o arquétipo da mulher forte, sedutora e transgressora. Regida pelo amor e pela liberdade, nunca se curvou a regras nem a homens. É a força feminina que se desbrava e se ergue absoluta por entre as intempéries do amor e da paixão. Há quem aponte que sua origem provém de Maria de Padilla (1334-1361), amante do rei Dom Pedro I de Castela, com quem viveu até seus últimos dias de vida, sobrepujando sua paixão a caros interesses políticos.
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EFÍGIEde Jefferson Rib
No princípio, a carne se fez pintura. No desejo perene da humanidade em aprisionar o tempo, a representação pictórica, na sua preciosa ânsia pelo real, valera-se como instrumento para compor a imagem daqueles representados. Seja nas pinturas que a História nos reservou, seja na massa de metal esculpida em feições humanas, estejam essas num busto em praça pública ou numa moeda, há olhos vultuosos que nos enxergam sob a égide do poder.
Efígie apresenta-se também no desejo de emoldurar personagens e narrativas. Porém, a escolha da colagem como técnica principal para construir esse painel de figuras femininas tensiona a representação imaculada que a ideia de efígie sugere. Neste sentido, os retratos aqui buscam compor, sob a égide da poesia, não suas feições, mas, antes, seus simbolismos. Porque não há memória sem subjetividade. E não há colagem sem subversão.